quinta-feira, 15 de abril de 2010

O futuro das Fábricas de Software


Há tempos venho discutindo com alunos, colegas e amigos sobre a ineficácia do modelo atual de  trabalho das "fábricas de software". O post de Fabio Akita, no BlogInfo, trouxe à tona esse debate novamente. Ok, ok. Admito que o autor foi meio radical em sua tese ao condenar - por completo - todo o modelo, mas é inegável que essas fábricas, da forma como existem hoje, estão com os dias contados.

Uma razão para seu declínio é, talvez, o fato delas estarem focadas no modelo waterfall de desenvolvimento e nas práticas Tayloristas e Fordistas de produção. Como já discuti aqui no blog, nesse post, não adianta (pelo menos não na maioria das vezes) tentar um caminho preditivo e baseado em uma rígida divisão de papéis. Nesse ambiente, há uma super-especialização do trabalho, ou seja, o analista não programa, o programador não testa, o gerente só se ferra e por aí vai...

Os problemas acontecem pois fábricas de software não estão organizadas de forma a maximizar as chances de um projeto ser bem sucedido, pois não dão a liberdade necessária para que a inovação aconteça, ingrediente fundamental para se criar efetivamente software de alta qualidade e valor agregado ao negócio. Projetos que hoje são bem sucedidos, são realizados por equipes que se envolvem em todas as fases do processo, com constante troca de papéis e colaboração entre as pessoas do time.
 
As fábricas de software irão acabar? Evidentemente, não tenho (e  acredito que ninguém tenha) essa resposta. Meu melhor palpite é que sobreviverão as que souberem reinventar o próprio negócio, incorporando elementos como requisitos ágeis, escopos negociáveis, times auto-organizados e outras práticas fundamentais.

Quem viver, verá...


8 comentários:

  1. Viny,

    Eu acredito que o problema das FS esteja no topo da pirâmide. Quem comanda uma FS geralmente é o profissional que (quase sempre) teve "sucesso" (afinal, elas estão ai até hoje) no desenvolvimento de seus softwares e que se sente receoso em efetuar mudanças nos processos de desenvolvimento de seus softwares. Produtos prontos e consagrados em modelos obsoletos e que são a base dos ganhos financeiros destas empresas são copiados (e copiados, e copiados...) para projetos novos evitando a absorção de novas metodologias. Muitas das vezes por pura obra do acaso e em outras, pela qualidade dos profisionais envolvidos, estes projetos continuam sendo "aceitos" pelos clientes (afinal, o que os coitados podem fazer?) e assim o vício, ou ranço, continua.
    Acredito que as FS poderão ter sua vida prolongada por muitos e muitos anos desde que pessoas influentes dentro da estrutura da empresa abram suas mentes para as boas e consagradas práticas (sempre elas) que temos no mercado atual.

    Abraço.

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  2. Fala velho!

    Repare que a conclusão da sua linha de pensamento é bem parecida com a minha: não sabemos se essas fábricas irão morrer, mas é praticamente certo que terão que remodelar a forma como atuam no mercado.

    Acho que você acertou em cheio com a questão do "topo da pirâmide". É o velho problema da "miopia" que já atingiu Henry Ford, Albert Einstein, IBM e tantos outros. A crença de que o que deu certo no passado continuará dando certo no futuro - duvido...

    Sem a reflexão (e adoção) das práticas que o mercado - e não acadêmicos - está consagrando, creio ser incerto o futuro dessas empresas.

    Abraços

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  3. Estamos vivendo isso na nossa fábrica. E em movimentação para melhorarmos essa situação, estamos trabalhando com o primeiro time scrum na empresa...estamos no quinto dia de 10 do sprint (sprint de 10 dias)...e está sendo muito bem aceito pela galera da "caneta", no início falaram que tinhamos feito um "varal de favela" na sala, hoje, quando olham e tem a visibilidade imediata do andamento do sprint, elogiam e querem adotar para todas as equipes...bem vamos ver como vamos seguir, depois comento como foi.

    Abraços e agradecimentos ao Vinícius!

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  4. Caramba de Marca, que show !!! Lembro bem que você tinha relatado que gostaria de adotar a agilidade em sua empresa e fico feliz em saber que a implantação de metódos ágeis está sendo realizada com sucesso. Parabéns!!!

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  5. Estamos na torcida Andre! Mantenha-nos informados da sua saga hehe

    Abração

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  6. A DATAPREV, recentemente mudou sua estrutura de organização, incluíndo novas fábricas de software localizadas nos escritórios espalhadas por capitais menores. Entre outras coisas, exsite a intenção de chamar a atenção de novos funcionários e tentar manter anitgos, desenvolvendo um tabalho de um nível melhor. Um interessante trabalho sobre uma nova forma de conceber fábricas de software na DATAPREV está nesse link: http://virtualbib.fgv.br/dspace/handle/10438/3539. Abraços

    Fred

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  7. Fala Fredão!
    Tudo bem?

    Muito interessante esse trabalho de mestrado sobre as fábricas de software na DATAPREV. Vale a pena dar uma lida com calma...

    É certo que estamos em um momento de transição, buscamos romper com modelos do passado que não mais atendem às necessidades do mercado de hoje.

    O problema, como sempre, é a resistência ao novo. As pessoas são naturalmente reativas, o que dificulta a implantação de novos métodos e técnicas.

    Tem que ter coragem e paciência para mudar o status quo.

    Abs,

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